A nossa Língua Portuguesa

Nossa Língua Portuguesa foi enriquecida com a inclusão de mil palavras “novas” em seu vocabulário. Esse fato não interessa apenas a REDATORES e REVISORES, mas a todos que estão inseridos nos mais variados contextos: social, econômico, cultural, etc., desta sociedade plural imersa em comunicação; fenômeno esse que se constitui numa das importantes características da modernidade

1 – A língua é um fenômeno vivo e dinâmico

É sabido que o léxico do português representa uma realidade linguística variável e diversificada. Assim, alguns termos vão ficando obsoletos, enquanto outros se impõem. Temos palavras do arco da velha, que os mais jovens nunca ouviram ninguém dizer.

Outro dia levei para a sala de aula o texto Antigamente (II), de Carlos Drummond de Andrade  e a moçada pirou: “Não estamos sacando nada, fessora!”.

Vale conferir o texto, mas isso não se faz necessário para entender que nossa língua, ou melhor, qualquer língua é um fenômeno vivo que se modifica ao sabor do tempo, do espaço, do momento/situação e até mesmo ao sabor das diferenças e/ou das preferências  de determinados grupos de falantes.

Segundo Marcos Bagno: “Temos de fazer um grande esforço para não incorrer no erro milenar dos gramáticos tradicionalistas de estudar a língua como uma coisa morta, sem levar em consideração as pessoas vivas que a falam.”

O nosso léxico é rico, complexo e fascinante, mas nem todos os falantes do português do Brasil têm acesso às nuances das palavras e são obrigados a exibir um repertório limitado e, às vezes, gramaticalmente incorreto, o que não quer dizer que eles não sabem Português. O que eles desconhecem é a Gramática Normativa da Língua Portuguesa.

Sabemos que o domínio da norma culta do idioma é importante para o sucesso na carreira profissional, independentemente da área de atuação. Além disso, em época de ENEM e vestibulares, os estudantes intensificam os estudos  de Língua Portuguesa, principalmente para evitar erros de ortografia e gramática na temida redação. Mas essa é uma outra história e merece um artigo específico.

2 – ‘Mandar bem’ no Português gera status?

O correto uso da escrita das palavras é essencial para quem deseja produzir textos persuasivos, relevantes e capazes de seduzir  os leitores. E “puxando a brasa para a minha sardinha”, ouso dizer que um site ou blog que apresenta erros grosseiros de ortografia não cumpre o objetivo de educar, seduzir, nem converter visitantes em LEADS e, muito menos realizar vendas.

A nossa linguagem deve cumprir o seu objetivo comunicativo e ela deve usar a roupagem adequada para cumprir o seu papel social, nas mais distintas circunstâncias. É uma questão de adequação linguística, ou, como  dizem os produtores de conteúdo digital: precisamos  adequar a linguagem de nosso texto à de nossa persona.

As variações linguísticas acontecem porque o princípio fundamental da língua é a comunicação, então é compreensível que os  falantes e/ou usuários façam rearranjos de acordo com suas necessidades comunicativas e, assim, o processo se ressignifica.

Essas adequações  devem ser consideradas como variações, e não como erros. Devemos expandir o nosso léxico e ampliar nossos conhecimentos gramaticais, mas sem incorrer no preconceito  de tratarmos variações como erros, associando o uso gramaticalmente correto da língua a status. Dominar as regras gramaticais é uma habilidade que adquirimos com estudo e dedicação. Essa  habilidade, se bem aplicada, nos abre caminhos promissores, porém, por si só, não nos agrega valor/status.

Gostei do que li recentemente no site da Academia Brasileira de Letras, e que serve de resposta à pergunta deste subtítulo: “Conhecer o significado de novas palavras enriquece nosso vocabulário e nos faz mergulhar na atmosfera intelectual em que vivemos. Mais do que isso, contribui para o pleno desenvolvimento de nossa capacidade de comunicação, amplia a compreensão que temos do mundo e nos torna aptos a identificar problemas, buscar soluções e sermos agentes de mudança em prol de uma sociedade mais humana, ética e justa”

Então, aproveite o ensejo do acréscimo de novas palavras ao nosso léxico para conhecer melhor a nossa Língua e ter uma comunicação assertiva, em qualquer contexto. Para manter seu site atualizado, por exemplo, recorra a um profissional de Marketing de conteúdo, pois delegar tarefas também é uma estratégia de sucesso.

3 – Não devemos ter preconceito linguístico

Eu gosto de me aprofundar cada vez mais na Gramática da Língua Portuguesa, mas abomino o preconceito linguístico. Na verdade, a ortografia só se aplica à língua escrita, já que orto (=correta) e grafia (= escrita). A oralidade é, pois, mais livre e personalizável.

Nosso idioma é belo, mas suas normas são complexas, e aqueles que não tiveram a oportunidade de estudar formalmente, também precisam se comunicar e serem respeitados, mesmo não estando sob a égide das normas gramaticais.

O direito à fala é condição básica para a cidadania e não deve ser negado a ninguém, independentemente de sua linguagem.

Fonte da imagem: lounge.obvious.org

É importante desmistificar a língua padronizada e respeitar a riqueza cultural presente nos falares que compõem a “língua brasileira.” Muitas vezes, as variações históricas são lentas e vamos nos adaptando a elas de forma natural. Por outro lado, as variações sociais ocorrem cada vez mais rápido e marcam a identidade de determinados grupos no contexto da modernidade líquida em que estamos inseridos.

 

Basta observar o INTERNETÊS. Com  o advento da internet houve muitas transformações e inovações e dentre elas no campo textual, que se difere significativamente de outras formas escritas tradicionais. Este tipo de texto apresenta uma linguagem multissemiótica, agregando aos textos verbais ícones e som.

 

A linguagem dos internautas não se submete aos ditames da Gramática Normativa  e  apresenta ausência de pontuações, ausência de acentuação gráfica, processos de redução e  outras marcas de alterações ortográficas.

 

É uma linguagem que atende e agiliza a comunicação informal nas redes sociais, embora não deva ser usada em e-mails comerciais, que exigem mais formalidade. Entende? É tudo uma questão de adequação e, nesse caso, o fim justifica o meio. Simples assim.

4 – A Última Flor do Lácio exibe volumosa floração

Mas vamos ao que prometi: O léxico de nosso Português acaba de ser enriquecido com mil novas palavras. Não são palavras inéditas, pelo contrário, são termos que já usamos e que agora foram oficialmente incorporados ao nosso léxico, através da atualização do VOLP.

 

O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), é um livro que contém todas as palavras do nosso idioma. Esse livro é organizado pela Academia Brasileira de Letras (ABL) e a sua 5ª edição data de 2009 e contém, ou melhor, continha 381 mil palavras.

A Academia Brasileira de Letras acaba de lançar a nova edição do VOLP, disponível exclusivamente na versão on-line no site da ABL e pelo aplicativo oficial.

Esta 6.ª edição conta com 382 mil entradas, somando mil palavras novas, incluindo estrangeirismos, além de correções e informações complementares nos verbetes. O  Acadêmico Prof. Evanildo Bechara, presidente da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da ABL – viu-se no dever de atualizar a obra para oferecer ao público uma edição aumentada em seu universo lexical e em dia com a evolução da língua, refletindo as mudanças da nossa sociedade.

Muitos acréscimos estão relacionados aos novos termos originados do desenvolvimento científico e tecnológico , às palavras surgidas no contexto da pandemia do novo coronavírus e ao registro mais abrangente de nomes de povos indígenas, assim como termos técnicos das diversas áreas do conhecimento e novos vocábulos de uso comum, muito divulgados na mídia impressa e em textos acadêmicos, sempre de acordo com os critérios de formação de palavras da língua-padrão.

Vale citar: Telemedicina, ciberataque, educomunicação, judicialização, covid-19 (com letras minúsculas!), pós-verdade, negacionismo, necropolítica, gentrificação, ciclofaixa,criptomoeda, feminicídio, homoparental, infodemia e sororidade.  Ainda foram registrados novos estrangeirismos como botox, bullying, compliance, crossfit, home office, lockdown, podcast e emoji.

Dentre as palavras citadas no parágrafo anterior, escolhi, por razões pessoais, uma para ser destacada: EDUCOMUNICAÇÃO, que assim se configura: (Classe gramatical: s.f. ) Definição: 1. Conjunto de conhecimentos e ações que visam desenvolver ecossistemas comunicativos abertos, democráticos e criativos em espaços culturais, midiáticos e educativos formais (escolares), não formais (desenvolvidos por ONGs) e informais (meios de comunicação voltados para a educação), mediados pelas linguagens e recursos da comunicação, das artes e tecnologias da informação, garantindo-se as condições para a aprendizagem e o exercício prático da liberdade de expressão.

Assim,vi neste artigo a oportunidade de praticar EDUCOMUNICAÇÃO. Como redatora freelancer e professora que sou, optei por exercer a minha liberdade de escolha, para divulgar um assunto tão fascinante, quão importante para a otimização da nossa prática comunicativa.

Qualquer empresa pode praticar educomunicação, mas se você é professor/educador, vale conferir no site de Nova Escola como fazer uso dessa estratégia em suas aulas, fazendo a gestão democrática de conteúdos educativos nas mídias.

Ciente do poder da semântica e apaixonada pelas nuances das variações linguísticas, amo usar a escrita como meio de socialização de saberes e como fator de projeção social.

Enfim, a Língua Portuguesa procura ser, cada vez mais, fator de inserção no mundo atual, estimulando o sujeito a ser ativo perante a cultura e história de nosso país.

A última flor do Lácio , com a inclusão  de novos termos em seu vocabulário, revela a sua dinamicidade e o seu poder de renovação.  Entre podagens e brotações, a nossa Língua Portuguesa, em pleno inverno, encanta-nos com abundante floração.

(Bernadete Valadares – redatora freelancer, professora, articulista e poetisa). 29/07/2021

Leave A Comment

WhatsApp chat